Abarca teve origem em um trabalho desenvolvido durante intercâmbio acadêmico internacional pelo programa Ciência sem Fronteiras, entre 2012 e 2013, quando a aluna cursou, na Universidade de Lisboa, Portugal, a disciplina de Projeto Nuclear, cujo tema foi Sistemas de Equipamentos para a Arquitetura – Objeto efémero como espaço destinado aos alunos da FA e para fins exposicionais.
Projetada para ocupar um espaço definido dentro da própria Universidade, a proposta denominada Onda destinava-se a atender a alunos e transeuntes que circulariam no terraço, em frente ao pavilhão 6 daquela Instituição, proporcionando-lhes alternativas para o estar e o lazer no edifício acadêmico, além de oferecer possibilidades de estruturas para serem ocupadas com atividades de estudos e ações desenvolvidas em espaços multiusos.
As pesquisas e fundamentação para o pavilhão Onda despertaram a atenção da aluna em relação à presença do corpo humano e o desenvolvimento de atividades no espaço acadêmico, bem como em relação a conexões estabelecidas entre os indivíduos e o meio que habitam ou frequentam, considerando nesta análise os equipamentos e os elementos do espaço com quem o indivíduo mantém constante “diálogo”.
Além disso, ao perceber e refletir sobre os espaços construídos a autora desenvolveu senso crítico para observar diferenças entre espaço público e privado, espaço de lazer e de trabalho, ambientes de exposição e sua relação com o que será exposto e demais recursos, soluções e equipamentos que compõem o ambiente, o que lhe foi de grande valia para aprofundar suas reflexões e desdobrar o projeto naquele que seria o tema do seu TCC: abrigos efêmeros.
Este primeiro contato com estruturas efêmeras e os levantamentos realizados para o desenvolvimento daquele projeto, motivaram a autora a definir-se por um tema de TCC que refletisse sobre o aumento de desequilíbrios que ocorrem em todos os lugares do planeta, gerando desastres naturais e tendo consequências como: enchentes, deslizamento de terra, seca, terremotos, incêndios florestais, entre outros.
O convívio com a frequência destas tragédias naturais tem levado os pesquisadores e cientistas a desenvolver mecanismos de prevenção e aviso, e a cogitar providências, procurando com isso minimizar possíveis danos, não só materiais mais também físicos, psicológicos e emocionais.
O projeto ABARCA é, portanto, uma solução para abrigo emergencial, que parte de pesquisas sobre as consequências dos desastres naturais, de levantamentos sobre quais as regiões mais afetadas por eles no país, dos motivos e do tipo de suporte e auxílio dado à população, pelo poder público, nestes eventos.
O abrigo ABARCA, como o próprio nome sinaliza, tem a função metafórica de envolver, abraçar, acolher as pessoas que acabaram de passar por um desastre natural. O produto também atende a diversas necessidades dos desabrigados: possui cama, armário, prateleiras, etc., além de guardar o “mundo particular” de cada desabrigado, exposto e fragilizado em meio à confusão do espaço público, e do refúgio coletivo.
Segundo Verônica Coachman, “A palavra ainda remete a “barca”, simbolizando um momento de passagem vivenciada por aqueles indivíduos.Abarca é destinado a pessoas de todas as idades, não possuindo restrições em nenhum sentido. É de fácil montagem e deslocamento para que todos possam ajudar na configuração de suas casas temporárias. Sua característica modular possibilita o posicionamento lado a lado dos módulos para que as famílias permaneçam unidas e tenham seu ambiente privado. A relação com o meio externo também foi pensada para ser prática e fácil, pois é tão importante quanto. Sua forma externa possibilita diversas maneiras de organização, otimizando todo e qualquer espaço. Além disso, a própria estrutura em si forma divisórias perfeitas entre um abrigo e seu vizinho posterior.”
Trabalho de Conclusão de Curso
Aluna: Verônica Cândida Vidigal Coachman
Orientador: Prof. Dr. Giorgio Giorgi
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