O estudo do processo produtivo através de experimentações para a produção em massa: a obra de Charles e Ray Eames

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Este projeto de Iniciação Científica teve como estudo a obra de dois autores, designers e arquitetos, Charles e Ray Eames, casal norte-americano cuja produção inaugurou novos paradigmas para o mobiliário e para o projeto de espaços.

A pesquisa teve como objetivo compreender o processo de experimentação nas relações que se estabeleceram entre material, forma e espacialidade. Portanto, relata e associa fatores históricos sobre a obra do casal, que através de novos métodos de criação obtiveram resultados diferenciados em relação às tendências existentes por volta de 1940.

A produção destes apresenta uma série de resultados decorrentes de experimentações desenvolvidas sobre materiais específicos, como madeira laminada , fibra de vidro e metal, além de  técnicas particulares de como trabalhá-los, ou mesmo procedimentos criativos pouco convencionais para desdobrar as investigações materiais em produtos para diversas finalidades.

Uma característica marcante do casal Eames era que os objetos desenvolvidos por eles obtivessem a expressão da forma direta e honesta de seus materiais e componentes, ou seja, pura expressão do propósito do objeto a ser elaborado, e do processo de criação, sem estofados e/ou adornos. Além de seguir a ideologia de produzir algo para um todo coletivo e não para uma minoria, algo de baixo custo, mas de boa qualidade.

A pesquisa se iniciou através de uma investigação teórica sobre a trajetória profissional do casal, destacando os objetos (cadeiras) projetadas considerando-se distintos processos de fabricação e materiais empregados. Um ponto chave na vida profissional dos Eames foi a criação da máquina “Kazam” (1941), que servia para moldar e prensar finas folhas de madeira, possibilitando criar curvas em três dimensões.

A segunda etapa desta pesquisa relacionou-se à escolha do material a ser experimentado, a madeira compensada, que poderíamos produzir e testar no laboratório de Design. Tal escolha deu-se pelo interessante contraste entre a ênfase no “mundo sintético” (materiais artificiais), que presenciamos atualmente, e a expressão natural deste material. Para que isso fosse realizado houve a necessidade de obtenção de informações sobre as propriedades e/ou características do material, avaliação da disponibilidade da matéria prima no mercado, produção de placas de compensado para teste de resistência, especulação de possíveis formas a serem exploradas através de testes com o material, e, por fim, a produção do objeto como conceito experimental.

A partir desta pesquisa foi possível afirmar que um projeto desenvolvido através da experimentação nos desperta a atenção para  tudo o que acontece durante o processo de especulações e testes e que raramente podemos prever o que vamos aprender e a que tipo de experiências ele nos vai levar.

É válido mencionar que o aprendizado durante estas pesquisas não se concentrou apenas nas experiências laboratoriais que me levaram a experimentar e explorar o modo de produzir este material. Na realidade, esta pesquisa me colocou em contato com pessoas, profissionais, fornecedores e lugares e possibilidades de fornecimento e transformação do material, que me proporcionaram ampla troca de informações. O processo de investigação vivenciado demonstra que o método experimental é uma forma de alimentar processos cognitivos e amparar a produção de conhecimentos na pesquisa nas áreas de Arquitetura e Design.

Autoras: Mariana Hayashi Ikegami e Myrna de Arruda Nascimento

Texto de divulgação do artigo publicado na revista Iniciação Vol.3 nº 1 ano 2014.

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